Agora é que são elas: mulheres conquistam espaço em mercados antes dominados por homens

Agora é que são elas: mulheres conquistam espaço em mercados antes dominados por homens

Notícias Mar 08, 2024

Desde que o dia 8 de março foi estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Dia Internacional da Mulher, em 1975, os desafios para alcançar avanços rumo à equidade têm sido muitos. Porém, as mulheres seguem avançando em busca de espaço e têm conquistado o reconhecimento, inclusive, em áreas profissionais antes dominadas por homens, mesmo diante das desigualdades de gênero que ainda são uma realidade do mercado de trabalho no país. Superando preconceitos, elas têm se consolidado, em especial, em posições de liderança, se tornando referências.

Estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que ainda há dificuldades em acessar alguns mercados. Os dados da Síntese de Indicadores Sociais 2023, estudo divulgado em dezembro do ano passado, evidenciam desigualdades clássicas no recorte por gênero, entre elas a média de rendimentos de homens, que é 14,9% maior que de mulheres. No ensino superior, a relação sobe para 43,2%, uma diferença que é ainda mais agressiva se levado em conta o corte racial.

Mesmo assim, o avanço feminino se destaca em alguns setores profissionais antes considerados redutos masculinos, dando à mulher o papel de protagonista. Entre eles o saneamento, onde muitas delas, ao ocuparem cargos majoritariamente preenchidos por homens, passaram a servir de inspiração e a representar um caminho possível. É o caso da Engenheira Ambiental, Bianca Santiago, que atua na área de Operação, liderando as equipes de tratamento na BRK, concessionária responsável pelo tratamento de esgoto nas cidades de Macaé e Rio das Ostras, no estado do Rio de Janeiro.

- Não me vejo em outro seguimento da Engenharia Ambiental que não o saneamento, onde atuo há quase oito anos. Já passei por situações desconfortáveis enquanto mulher, mas aos poucos aprendi a me posicionar nos diferentes ambientes e lidar melhor com os desafios do dia a dia. O trabalho que realizamos é gratificante, então o importante é não se abater pelas dificuldades e seguir com nossos objetivos, para alcançar a excelência operacional – explica Bianca.

Bianca Santiago lidera as equipes de tratamento na BRK, que são compostas somente por homens (1)
 

Com um ingresso mais recente nesta área, Roberta Dias, que atua como Encarregada de Manutenção de Redes na Operação da BRK em Rio das Ostras, reconhece as dificuldades profissionais encaradas pelas mulheres. Mas afirma: além dos alinhamentos das atividades com as equipes, quando é preciso, ela está pronta para ir às frentes de serviço.

- As mulheres encaram uma série de desafios no campo profissional. Eu, por exemplo, sou a única mulher na frente de serviço com cargo de liderança em meio aos homens. Então estamos mostrando que somos tão capazes quanto eles de exercer a função ou a atividade que for, independentemente do gênero - pontua a Engenheira Civil e Técnica em Edificações.

Encarregada de manutenção de redes, Roberta Dias encara às frentes de serviço sempre que necessário (1)
 

Desafios além do profissional 

Para as mulheres, os desafios vão, muitas vezes, além do campo profissional. Elas enfrentam jornadas duplas, com as exigências da maternidade e do casamento. O IBGE indica que mais de 2,5 milhões de mulheres não trabalham para cuidar de parentes ou das tarefas domésticas. Porém, não faltam exemplos das que se desafiam a conciliar as responsabilidades profissionais com as exigências da vida pessoal e obtém sucesso, mesmo em áreas antes predominantemente masculinas. É o caso da Mariana Lima, que alia sua rotina como responsável pelo laboratório da BRK em Macaé e Rio das Ostras à vida de mãe da pequena Valentina, de 2 anos:

- Meu maior desafio ao longo dos quase nove anos na área de saneamento foi assumir a responsabilidade pelo laboratório e conduzi-lo à excelência, aderindo às rigorosas normas de qualidade. Acho que me destaquei na liderança ao transformar esse desafio em uma jornada gratificante, ajudando a elevar o laboratório ao status de referência. Certamente, sinto um orgulho em impactar positivamente a vida das pessoas com meu trabalho – disse Mariana, que é Engenheira Química, Mestre em Biotecnologia Marinha e especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho.

Mariana Lima alia a vida profissional no laboratório da BRK com a maternidade.jpg
 

Incentivo  

Apostando na presença feminina, as empresas passaram a estabelecer metas de equidade, criando soluções e oferecendo condições para o ingresso de mais trabalhadoras nestes setores. É o caso da BRK, que é signatária da iniciativa “Equidade é Prioridade”, promovida pelo Pacto Global (ONU), e que investe no programa “DiversifiK”, para que as pessoas tenham as mesmas oportunidades, sejam acolhidas e se sintam valorizadas, independente do gênero.

Por meio de um Grupo de Trabalho de Empoderamento Feminino, a empresa busca impulsionar a formulação de diretrizes e a realização de iniciativas para a diversidade e a inclusão. Entre elas, os compromissos de ter 40% de mulheres em posições de liderança e um quadro de funcionários formado por 30% de trabalhadoras até o final 2024. Outra iniciativa, esta desenvolvida pelo Grupo de Trabalho de Raça em parceria com o Grupo Mulheres do Brasil, também foi voltada às funcionárias: o Programa de Aceleração de Carreiras para Mulheres Negras, que tem desenvolvido profissionais negras para ocupar cargos de liderança:

- Investir na diversidade, é garantir o direito ao respeito, à valorização profissional e à equidade nas relações de trabalho. Com a alta demanda por profissionais especializados, a presença feminina em diferentes setores é uma tendência mundial. A contratação se dá pela capacidade, com uma avaliação justa de todos os candidatos, sem restrições relativas ao gênero ou raça, nem impondo quaisquer outros impedimentos para que as mulheres assumam diferentes funções – finaliza o diretor da BRK em Macaé e Rio das Ostras, Ricardo Santiago.